Olha… precisamos de mais de uma semana para organizar a cabeça (e a vida!) depois do Hack Town 2017. A terceira edição do evento em Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais, teve mais de 200 palestras espalhadas pela cidade. Quatro dias inteiros. Foi o feriado mais longo e louco da história desse país (na nossa humilde opinião).
Além de correr de uma palestra para a outra, este ano também subimos no palco para falar sobre como resolver problemas da cidade com pequenas ações. Teve live e tudo! Dá uma olhada:
As cidades e o Hack Town 2017
Foram muitas falas inspiradoras. Algumas nos fizeram pensar sobre a nossa relação com a cidade. Escolhemos as principais ideias que surgiram para compartilhar por aqui.
Um ano sem casa: insights e aprendizados sobre a vida nômade
Aprendemos com o casal (e sócios) Carol Soares e Franklin Costa os desafios e vantagens de se desapegar de uma casa mobiliada para experimentar uma vida “no fluxo”. A conversa fez a gente pensar sobre a oportunidade de, ao morar poucos meses em cada lugar, cultivar um olhar renovado para os problemas e soluções de cada cidade. É um contraponto à visão acomodada que assumimos muitas vezes frente ao nosso bairro de sempre.
Além disso, o Franklin falou bastante do “presentismo” como algo mais importante que o “futurismo”, e isso também tem tudo a ver com vida urbana: o que a gente faz com o que temos agora? Não com a cidade perfeita, mas aquela que existe nas condições atuais. O caminho, pensando nisso, é maior que o destino, por isso vale a pena focarmos nele. Mais importante do que fazer um projeto “dar certo” é começar, fazer uma ação que seja.
Cidades e cidadãos inteligentes: o caminho para o sucesso
Nessa palestra a Carolina Leão, líder dos projetos de Cidades Inteligentes no Inatel Competence Center e do Smart Campus do Inatel, diagnosticou os problemas que enfrentaremos no mundo por causa do desequilíbrio entre o aumento da população mundial e a inabilidade das cidades de oferecer serviços públicos de qualidade para todas essas pessoas.
A solução, segundo ela, é que por conta da hiperconectividade (todos teriam um smartphone), as smart cities poderiam oferecer serviços via internet para abranger essa população crescente. No entanto, isso dependeria de algumas coisas: a formação de cidadãos conscientes e o aumento da eficácia da máquina estatal.
A ação de cidadãos “inteligentes”: o design a serviço das pessoas para construírem cidades mais humanas e criativas
A discussão sobre smart cities também foi assunto da palestra da Carla Link, do Talking City, uma iniciativa que conecta o design ao universo das cidades criativas. Ela problematizou as soluções urbanas muito baseadas na tecnologia, porque são construídas de forma centralizada e sem a participação das pessoas. Na maioria desses casos, as empresas ou o governo entregam um projeto já pronto, com foco em infraestrutura. Isso reforça a ideia de que o cidadão é só um consumidor e um sujeito passivo na cidade.
Uma lógica bem oposta a essa é a do hacker urbano, que tem uma postura mais propositiva e ativa. A Carla fala um pouco sobre esse conceito nesse trecho da palestra dela:
Mappingfesto e arquitetura remix: mudando as cidades com projeções e arte
Já pensou que dá para transformar os espaços e até as edificações da cidade sem mexer em nada de verdade? É isso que o VJ Alexis Anastasiou faz pelo mundo inteiro. Ele contou na sua palestra no Hack Town 2017 como usa projeções para fazer intervenções virtuais e temporárias em fachadas de prédios para criar uma outra perspectiva desses lugares.
Na palestra, ele mostrou o projeto Vídeo Guerrilha, que começou em 2012 na Rua Augusta, no centro de São Paulo. Na época a região ainda não era tão habitada durante a noite. A proposta do Alexis era justamente ocupar esses lugares com arte. Ele reuniu mais de 100 artistas e projetou suas obras em espaços públicos, em uma proposta de “remixar” a arquitetura de forma divertida e inusitada. Olha só:
Cidade inteligente, inteligência da cidade: tecnologia, urbanidade e alfabetização digital
Macrometrópole, metadesign, relações translocais. Esses foram alguns conceitos que aprendemos na palestra do Caio Vassão, que pesquisa as relações entre tecnologia, comunidades, educação e urbanidade. Ele também desenha ecossistemas por meio do metadesign, um processo que inverte a lógica de criação de regras e métodos.
Quando aplicado à cidade, isso quer dizer as pessoas inventarem novas regras para os espaços. É sair da posição de quem usa a cidade e assumir a posição de inventor da cidade. Isso inclui refazer modelos, fórmulas, legislações e programas. Dá uma olhada em uma das falas do Caio sobre as relações nas macrometrópoles:
Design, jogos e aprendizagem
Ficou claro na palestra do designer e professor André Braga no Hack Town 2017 que jogos e educação têm tudo a ver, mas com algumas diferenças que acabam desestimulando os estudantes em relação à sala de aula. Mas e se pensarmos na cidade como um tabuleiro de jogo? Quais são as semelhanças e desigualdades? Fizemos um artigo só sobre isso, escrito pela Carmen:
Ufa! Deu para entender porque demos uma pirada depois do Hack Town 2017, né? E teve muito mais. No domingo, participamos de um workshop sobre comunicação com propósito baseada em leis sistêmicas, com o Max Nolan Shen. Saímos de lá pensando: como seria uma cidade que respeita as leis sistêmicas? Bom, isso é papo para outra hora. Aguardem!